A criatividade é um mutante. Num momento, ela assume uma forma; no instante seguinte, uma outra. Ela é como um espírito deslumbrante que aparece para todas nós, sendo, porém, difícil de descrever já que não existe acordo a respeito do que as pessoas vislumbram no seu clarão cintilante.
Será que o emprego de pigmentos e telas, ou de lascas de tinta e papel de parede, é comprovação da sua existência?
E o que dizer da pena e do papel, de bordas floridas no caminho do jardim, da criação de uma universidade? É, isso mesmo. E de passar bem um colarinho, de criar uma revolução? Também.
Tocar com amor as folhas de uma planta, reduzir a importância de certas preocupações, dar nós no tear, descobrir a própria voz, amar alguém profundamente? Também.
Segurar o corpo morno do recém-nascido, criar um filho até a idade adulta, ajudar a reerguer uma nação derrotada? Também.
Cuidar do casamento como do pomar que ele é, escavar à procura do ouro psíquico, descobrir a palavra perfeita, fazer uma cortina azul?
Tudo isso pertence à vida criativa.
Alguns dizem que a vida criativa está nas idéias; outros, que ela está na ação. Na maioria dos casos, ela parece estar num ser simples.
Não se trata do virtuosismo, embora não haja nada de errado com ele. Trata-se de amor por algo, de sentir tanto amor por algo — seja por uma pessoa, uma palavra, uma imagem, uma ideia, pelo país ou pela humanidade — que tudo o que pode ser feito com o excesso é criar.
Não é uma questão de querer; não é um ato isolado da vontade. Simplesmente é o que se precisa fazer.
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