A Consciência é um rio
vivo que não pode ser aprisionado no vaso estreito de um eu, porque sua
natureza é a do movimento, do fluir; e fluir significa continuidade, como
também relacionamento, quer dizer, a relação entre dois níveis, dos polos. Sem
essa polaridade não pode haver nenhuma vida, nenhuma percepção, e sem
continuidade, nenhuma relação que tenha sentido.
Quanto maior a distância ou a
diferença entre dois níveis ou polos, tanto mais poderoso é o rio ou a força
por ela gerada. É a tensão mais vasta de experiência, é a amplitude de vibração
entre os polos da universalidade e da individualidade que produz a consciência mais
alta.
É apenas em nossa
consciência que podemos alcançar a raiz de tudo, e é apenas através de nossa
consciência que podemos agir sobre isso. Não temos nenhum outro meio de mudar o
mundo, a não ser através de nossa consciência, a qual é tanto nosso mundo como
também aquilo que o transcende.
Ligação e liberdade se encerram igualmente em
nossa consciência. O mundo não é nem um determinado mundo, nem um outro
qualquer: Ele é aquele que construímos.
A função de um
instrutor espiritual é, segundo o conceito tibetano, não tanto de anunciar um
ensinamento específico ou explicar princípios geralmente reconhecidos, mas
demonstrar que os objetivos mais altos podem ser realizados e o caminho para a sua
realização podem ser percorridos praticamente.
Mesmo um eremita silencioso
pode, como um farol, emitir raios de um
conhecimento salvador para dentro da escuridão, da ignorância e da ilusão. O
simples fato de sua existência, o fato de que ele consegue resistir na luz de
sua própria realização interior, basta para encher de coragem e confiança
aqueles que vagueiam no escuro.
Movimento é tanto a
natureza do espírito como a da luz. Tudo o que tenta impedir, parar ou limitar
o movimento infinito do espírito é ignorância e pouco importa se isto é causado
por um pensar conceitual, por ganâncias ou apegos.
Calma, no entanto, não
significa parada, ela não significa o estancamento do processo do pensar, mas
consciente em não impedir o rio da consciência por meios de noções artificiais
e de um querer egoísta ou pela interrupção do fluxo natural através da
dissecação do seu movimento em fases isoladas, empreendendo a tentativa inútil
de analisar sua natureza.
A vida espiritual se
baseia nas capacidades de perceber e de experenciar interiormente, as quais não
podem ser produzidas por nenhum esforço do pensar, pois o pensar e o argumentar
são apenas um processo de digestão e assimilação espirituais, sucedendo as
capacidades mencionadas inicialmente, mas não precedendo a elas.
...do múltiplo para o
unido, do limitado para o ilimitado, do intelectual para o intuitivo...do
individual para o universal, do eu para o não-eu, da finidade dos objetos para
a infinidade do espaço; até que sejamos de tal maneira penetrados por esta
amplitude e infinidade que, quando voltarmos à contemplação do pequeno, do
singular, do individual e pessoal, nós nunca perderemos o sentido e a conexão
com o Todo.
Um ensinamento só pode
ser proveitoso se for perfeitamente sincero, ou seja, se for vivido na hora em
que for dado. Em União.
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